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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Um pensamento alheio



Apesar de serem todos iguais, ele achava mais bonito o pôr do sol que via de sua janela do que esse de agora, banhado pelo mar e ao som de passarinhos. É engraçado, pensava, a cidade não é bela, e crepúsculos não têm nada demais, mas quando o céu pintava os prédios com aquele púrpura diáfano, quando o vidro da janela espelhava aquela cor que lentamente se transformava em noite, era mais bonito do que essa bola gigante que desce no horizonte e leva consigo toda a claridade do mundo. Não reparava no espetáculo com freqüencia, e nunca houve um momento em que ele parou de contar moedas para ver tudo aquela banalidade lá de seu apartamento, aos lados outros cubículos como o seu, abaixo e em cima mais pessoas não olhavam através das janelas, à sua frente uma fileira de vidraças de outro prédio que começam laranjas, vão ficando rosa, murcham roxamente e só continuam lá por causa da eletricidade dos postes, no térreo.

Aqui, qual a graça? As cores são as mesmíssimas, as árvores não se vêem mais muito bem, o vento incomoda, está ficando um pouco frio aqui do lado de fora, e ainda o por do sol era exatamente igual a todos os outros que ele já vira. Não, ele não se impressiona com essas coisas, e viveu sempre muito bem assim.

Fonte da foto nesse Flickr

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