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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Minha nova profissão

Um dos motivos de eu ter largado a faculdade de direito e a de jornalismo foi a minha convicção - que a pouca experiência só veio a corroborar - no trabalho do profissional da saúde como verdadeiro transformador da realidade em que vive. Para além de qualquer viés político de que essa frase possa ser revestida, sempre foi muito claro para mim que sem uma adequada estrutura de saúde pública não se pode falar em democracia, direitos humanos ou paz e que a medicina tem os meios necessários para melhorar a vida de todas as pessoas.

A primeira afirmação é a mais simples de expor. Saúde pública é uma questão delicada e que nos reserva infindáveis lucubrações teóricas. No entanto, sua aplicação e sua qualidade como serviço público podem ser facilmente observáveis em qualquer lugar do mundo: todas as pessoas, mesmo as mais ricas, dependem do sistema público de saúde para sobreviver nas cidades e nos campos e, sempre que o poder público descuida desse aspecto fundamental da estrutura de um país, pode-se esperar um enfraquecimento da rede social que embasa a organização estatal que deveria prover uma saúde pública eficiente.

Uma população doente, sem saneamento básico, sem informações essenciais para a manutenção de seus níveis de saúde, não é uma população em condições de igualdade para, por exemplo, viver em um ambiente democrático, eleger seus representantes e esperar por soluções racionais e discutidas para seus problemas mais prementes. No lugar disso, um povo alienado pelo descaso com sua saúde não consegue ver a importância do seu direito a voto e à representação, nem sabe que pode, por meio da democracia, exigir melhorias para sua própria saúde. Dessa forma, a medicina está, para mim, no cerne da questão democrática.

Em função disso, fica fácil perceber como a medicina pode contribuir para melhorar a vida de todos. Tanto em casos óbvios como o dos doentes no hospital, quanto em casos menos aparentes, no que tange a tal da promoção de saúde, a medicina representa o primeiro (e fundamental) passo em direção à cura, ao empoderamento (o velho conceito de Paulo Freire...), ao conhecimento daquilo que virá a ser a sua cidadania.

Cada vez mais tenho certeza de que fiz bem em mudar de profissão!

2 comentários:

  1. ah lu, eu poderia dar um crtl+v em partes das nossas conversas via msn messenger pra comentar aqui. mas é tanta coisa.
    lindo, mesmo que a gente esteja conseguindo ver que é possível trabalhar com coisas que a gente acredita, sabe? transformar ideologia em prática, trabalho em serviço, mesmo.
    E você disse TUDO quando disse que sem saúde não dá pra pensar direitos humanos, participação política.
    lembrei, por sinal, dum texto de Ética que estava lendo, falando que pessoas sem condições básicas de vida não são livres. E, claro, de música:
    "Com o bucho cheio, comecei a pensar..."
    Tio Chico brocava. E vamos nessa.

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  2. Cara, confesso que levei um susto qdo vc disse que iria mudar radicalmente o seu futuro, que não existia nada mais da área de Humanas do que a Medicina...
    Concordei e acredito que a escolha foi sábia, pena não poder te ajudar a decidir. Me contento sendo um espectador privilegiado, torcendo e me orgulhando do seu desenvolvimento. Nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar meu rebento com tanto conteúdo e princípios bacanas.
    Espero evoluir junto para acompanhar a trajetória que lhe é destinada. Como vc bem sabe, minha área de atuação não tem nada comparável ao exposto no post. Não importa, faço meus os seus atos, e saio por aí com o chapéu dos outros... rs

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