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sábado, 26 de novembro de 2011

Um mau uso de termos

A loucura é insidiosa. Olhando pra trás, ela sempre esteve lá, às vezes vestida de graça, às vezes explodindo em fúrias, no começo um comichão na vida da pessoa, para depois se transformar na sombra-luz que ocupa a mente dos outros. Digo dos outros porque o maior disfarce da loucura é contra o próprio louco, fazendo com que a insanidade mental seja uma das poucas características humanas que se alcunham de alheias sem muita perda de sentido,

O maluco começa como algo entre o excêntrico e o cômico - é a mulher que não abotoa a saia, o estudante que muda de faculdade, a menina que adora intrigas. É uma gente que no geral vive, mas está no limiar da sobrevivência. Mais uma vez, a loucura é mestre em se esconder, de modo que as pessoas acham que não estão sob seu domínio. Hordas de homens e mulheres são assim, e assim continuam até o fim de seus dias, sendo a maioria considerada sadia. Mas para muitos outros, que às vezes até se confundem com o todo mundo no andar cotidiano, as coisas mudam de sentido, acendem-se lâmpadas que escurecem tanta coisa: o parto de um alienado é feito de sofrimento alheio, já que para ele o nascimento é natural.

Nascido, o alienado não difere do sadio, já que à mudança de equilíbrio mental não se sobrepõe outras diferenças: no dia em que conseguirmos identificar os novos loucos, veremos neles os nossos próprios rostos. A lentidão é a marca da loucura porque aquele que surta é o mesmo que vem colocando pólvora no canhão da mente há anos, décadas.

A loucura tem seus engenhos...

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