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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Uma outra manjedoura

São ecos de uma rabugem que cai mal à nossa idade: percebemos as luzes, a decoração que finge inverno, as mesmas melodias cheias de sinos para em seguida fungar em reprovação, balançar a cabeça repressivamente e fazer algum comentário ácido sobre as pessoas que param o trânsito e observam, maravilhados, os enfeites de Natal. Não digo que a maioria seja assim tão avessa às festividades dessa época do ano, mas estou certo de que é considerável a parcela da população desta cidade que despreza tudo isso, diz que odeia a Natividade e não vê a hora de passar para 2011. Eu, na minha modesta opinião de desterrado paulistano, reprovo, caladamente, a arrogância dos rebeltes natalinos, apesar de definitivamente não fazer parte da massa que chora com o "jingle bells".

Na verdade, penso que o Natal e todo esse fenômeno que vemos por São Paulo nessa época deve ser vivido e analisado como ele verdadeiramente é: uma bela jogada de propaganda. Vende-se muito, gasta-se e se ganha muito dinheiro por aí, o que, capitalistamente, é o grande milagre de Cristo. Para a cidade, é uma maravilha de verdade: quanta gente não vem visitar e sai daqui com uma boa impressão? Quantos não são os cansados que, radiantes, fogem daqui de supetão como se tivessem poucos dias para atravessar a Galiléia? Na equação dos que saem, dos que ficam e dos vêm, temos uma São Paulo mais atraente aos de fora e mais útil aos daqui. Nisso reside o tal do "espírito natalino", que as pessoas pensam que existe, mas que é nada menos do que uma simples mudança de atitude motivada por questões puramente materiais: no Natal, paramos de andar olhando para o nada e com a cabeça em milhões de prazos e compromissos para prestar a atenção à cidade, elogiando-a ou a criticando.

No final das contas, descobri que adoro turistas por aqui! Um amigo, metido a análises, disse que eles fazem bem para o ego. Eu digo apenas que fazem bem à cidade, e isso basta.

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