Uma nova semana em São Paulo. Teatro Municipal, comida indiana, metrô novo, certas tristezas, outras alegrias. Me lembro daquele poema do Drummond que diz que o amor é uma coisa que hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Velhos amigos, novos amigos, a vida que segue, meio mudada, meio igual. Eu que, ao mesmo tempo o de sempre e algo diferente, tenho antigas e recentes conversas, companhias, experiências, lugares à minha volta.
Como sempre, fui ao cinema, ao teatro, aos cafés, às mesmas ruas por onde flano desde pequeno. O "como sempre" esconde muita coisa: é verdade que a ação externa é a mesma, é verdade que mesmo os novos amigos se parecem com os de antes. Mas a cidade, as pessoas e o mundo todo muda, e o eu que hoje passeia nessas férias vê o mundo com outros olhos, com outra mente e com uma calvície que segue a despeito da Finasterida (os sonhos, esses sim antigos companheiros, mudaram pouco, muito pouco).
E é como se a distância, a medicina e os livros, sempre os livros, pusessem tudo em uma perspectiva alternativa: o tempo, que antes era infinito; o futuro e a profissão, que eram entidades etéreas; eu, que me conhecia tão pouco, apesar de achar que me conhecia tão bem. O relativista franzirá as sobrancelhas: você que mudou, não o seu conhecimento sobre você que se alterou. Não seja ingênuo, relativista... Aquele que mudou continua sendo eu mesmo, e, conhecendo-me melhor, modifico-me mais ainda. A vida não se repete, apesar de, às vezes, andar em círculos.
Sou uma pessoa livre, a priori, pelo menos é o que me dizem (não um amigo, mas um filósofo no papel). Que estranho ser assim: o tempo corre mais rápido do que minhas pernas, sou livre mas nem sei o que é isso e no meu nariz ainda persiste o cheiro de quem foi embora.
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