Basta uma pequena passeada pelo Google para aprendermos uma máxima moderna, sentença indiscutível perante os gurus da informática: um blog deve ter um assunto delimitado, discorrer sobre nichos específicos e esbanjar imagens e vídeos requintados, além de ser atualizado constantemente. Os temerários que não seguirem tais mandamentos sofrerão as mais árduas das penas da contemporaneidade, que são a vergonhosa baixa visitação de suas páginas virtuais pelo público mundial, o ocaso dos comentários, o sumiço de seu endereço no lodaçal dos mecanismos de procura. Por meio dessa ameaça feita por um deus mais cruel do que o dos católicos tem-se um mundo on-line de portais, homepages, blogs e sites de relacionamento sobre os assuntos mais especializados, o que me dá a impressão de que tal mundo é um grande oceano de besteiras com ilhas de material mais interessante.
Pois eu prefiri mudar-me de planeta, ir para outro menos habitado e mais obscuro, onde o contador de visitas não faria as vezes de mais-valia nem os trackbacks serviriam como glória eterna. Meu blog não é especialista em nada (assim como eu), imagens só vem quando necessárias ou bonitas, vídeos só quando são imprescindíveis, a regularidade de postagem que vá às favas e o tamanho dos texto varia conforme aquilo que quero dizer. E assim, meus caros, achei eu que havia despistado o deus da internet, e que vivia numa comunidade longínqua em que os blogs valem por aquilo que está escrito neles. Vejam só como me enganei: mesmo a anos-luz de distância, este meu blog sofre com a pesada mão que a divindade magnânima baixou sobre minha cabeça e devo sofrer seus castigos de cabeça em pé. Cruelmente, meus textos e seu escritor sofrem ainda com a pouca divulgação e com o descaso dos homens.
Ai de mim! Pensei que poderia viver feliz no meu mundo sem me preocupar com as consequências impostas pelo século XXI. Não pude, é claro, suportar o fardo de mudar tudo sozinho, e agora manejo a difícil tarefa de ser um blogueiro sem público, que é o mais novo tipo de fracassado produzido pela história humana. Não tenho muitos visitantes e são poucos os comentários, mas isso basta para que essa página tenha significado para mim e para quem lê. Esse significado, entretanto, é execrado pelo Google, pelo Youtube e pelo Facebook, os apóstolos dessa nova religião.
Assim continuarei, um Quixote contra um moinho, escrevendo aqui neste pequeno inferno cibernético. Cá estarei sempre, em meio à falta de assunto, à escassez de novidades e à danação dos excluídos.
tive vontade de colar seu post no meu. pra quem escrever é um prazer e não um negócio (não que estejamos recusando renda), a liberdade de escrever o que se acha que deve, o que se gosta é necessária. afinal, não estamos batendo cartão, não temos patrão.
ResponderExcluirmas, não se engane: a gente nunca sabe quem visita nosso blog. muita gente passa e não comenta, muita gente chega nele por acaso, pouca gente fica. mas tem gente que fica.
e vamos que vamos
Seu blog é incrível e acompanhá-lo me deixa próximo de você; algo como uma proximidade pela distância ou um não distanciamento em razão dela.
ResponderExcluirCada palavra escolhida não é à toa, embora, objetivamente, cada assunto seja, o que transfere ao texto leveza, inconsciência e autenticidade.
Só amigos próximos para compreender a escolha de cada palavra (destino no plural, v. g.) e nisso sentir um alento: aquela proximidade cotidiana - ou quase - funcionava.
Mas lembre-se, o castigo é obra dos demiurgos malévolos e não dos deuses.
Luis que grata surpresa te encontrar por aqui. Querido virei blogueira também e esse universo tem me trazido bons momentos. Como esse agora, te encontrando e lendo seus textos. Vou virar sua fã. Saudades de você. Nunca mais apareceu na biblioteca. Convido-te a conhecer meus espaços:
ResponderExcluirhttp://bibliotequiceseafins.blogspot.com
http://sonhosmelodias.blogspot.com
Bjs
Que delícia tantas pessoas queridas e de lugares tão diferentes comentando aqui no meu blog!!!
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